sábado, 14 de agosto de 2010

TALVEZ UM DIA

Talvez um dia,
compreendas mim, você,
não hoje agora,
quando leres esta poesia.

Talvez um dia,
quando como é prá mim agora,
a noite prá ti também seja fria.

Talvez um dia,
ou uma noite quem saberia,
na escura forma da solidão,
lhe abrace essa quimera,
de quem na vida apenas,
o melhor sentido da existencia espera.

Talvez um dia,
tardes de domingo pra ti,
sejam assim,
como são até agora prá mim,
sofrimento e espera sem fim.

Talvez um dia,
quando a beleza for-se embora,
nos tempos idos da memória,
e a vaidade dor lugar,
apenas a avançada idade,
talvez assim,
lembre-se de mim,
por fim,
por não o u por um sim.














À SIMPLICIDADE


Coisa inerente,
cativa, criada na gente,
desde a idade terra,
coexiste presente.

Sem impor já impondo,
a tudo sobrepondo,
quando menos de mais se espera,
na falsa gloria do amor,
subexiste a dor,
nos entremeios à simplicidade.

Girando feito o planeta,
translaçando em rotação inversa,
na lógica terrível das coisas,
em modernismo se expõe o expoente,
mas se da safra simples foste,
nada almeja essa sentença.

Nem mesmo os bens,
que venham a teres,
vence por completo a força,
de uma simples sorridente,
banguetes de nalma usupar,
um amor ausente,
o coração o impacto sente,
na dor de possuir e não ter,
ter e não possuir,
é impossível por muito tempo esconder,
à simplicidade da gente,
quando ela existe realmente.














DISTANCIANDO

Talvez seja pra isso a miséria,
combustível de obras primas,
coisas mais criativas e lindas,
vem da alma dos desgraçados,
varridos da sociedade feito escoria.

Consigo enxergar claramente isso agora,
o pobre que ao compor não quer esmola,
muito mais abstrato é que não se vê,
nem se mensura tal fortuna infinita,
inspiração que ninguém rouba,
nem é corroída pelo tempo ou a traça,
da ferrugem que nada poupa.

Memórias voam,
campos abertos de mazelas,
fontes rejuvenescedoras os versos,
selados pela placa das poesias donzelas,
ao correrem a tinta no papel soam,
em gritos mudos de amor,
um sonho que se foi,
uma paixão latente abdicada,
pela vida-morte, abreviada,
pelo trabalho distanciado,
a tal felicidade,
em tal destino fadado,
impregnada.
















O FIM


Gasto os dias,
os dias me desgastam,
no pano fundo da vida sóbria,
sobra devaneios em coexistir,
no sabor em ter,
que muitos gozam,
o desumano preendimento,
sem razão em colidir.

Dias vão,
historias se acabam,
mas a historia do mundo
essa, nunca perde o seu refrão
nasce no ventre quente de mulher,
e morre no gelo da ilusão
num futuro sem saber os porquês,
nem como direito a escolher.

Frio, gelado,
é o corpo sem um suspiro,
é poesia sem dono,
num abandono,
é alma em desativo,
desgarrar da pistola um tiro,
foi um dia um ser falante,
hoje um co num cadáver calade.

















NO PRESENTE DO FUTURO IMPERFEITO


Vejo um papel em branco,
não passem não consigo,
deixa-lo sem meu verso amigo,
papel e inspiração,
tão qual de si cada um,
feito muleta ao manco.

E no estreito caminho poético,
vi-me de face a boemia,
levado pelo fracasso,
lúcido e pártico,
a vida foi escorrendo entre meus sonhos,
instalada nos versos in poesia.

Conjugo o verbo da vida,
no pretérito do futuro imperfeito,
em vários idiomas,
que no tanger da solidão,
me fui encurralada a aprender,
por clara e pura,
falta de algo melhor,
pra ai fazer.

Contudo aprendi a ser,
o que na incencia jamais,
me purgará a doce e benevente educação,
da tradição interiorana,
regue, reina soberana.















DISABORES DA VIDA


Me arrumes,
vesti-me de esperanças,
muitas vezes quando saí e voltei,
pra díspares lugares,
impares lugares,
ímpares amores,
apenas sonhos arrumei.

Nada adiantou,
meu tempo passou,
não digas que não lutei,
lutei,
mas minha sina já era,
revoltei,
ao mesmo lugar de antes,
me vejo agora.

No mesmo fracasso,
que atende muito também,
miserável regasso,
solidão que me deixa aquém.


A mim só me resta escrever,
pois sonhar já cansei,
mas com versos na folha sorver,
sem sonhar sonhos,
amores, disabores de hoje,
que ontem amei.












VIDA PERDIDA


Em meio à solidão me vi,
triste,
coisa horrenda, feito ferida,
aberta em fenda,
de solidão que morri.

Memoravel gloria de um amanhecer,
novo dia,
o antigo, o igual tudo,
o de ontem parece,
aos olhos novo, novo,
mais que a saudade poesia,
triste boemia,
possa um solteirão padecer.

As vezes a vergonha me envolve,
mas de vergonha em vergonha,
meus dias se consomem,
e a vida vai a cada mede,
sendo enterrada viva,
vida perdida.

Fecho os olhos pra aliviar,
amarga escolha essa,
na quimera de amar,
fui ao cais que me arremessa,
e no fim da curva que se atravessa,
algo pertinente a que se relutar,
a dor de olhar
e ver perdido e conformar,
a uma vida se dissipar.












A CONQUISTA E A DERROTA


Coisas impessoais,
o homem que nesta vida,
entre lobos, terríveis feras,
em melindrosos disfarces cordiais,
não se julga também uma delas,
inevitavelmente vira alimento,
servido sangrando vivo,
morto sem nenhuma ferida.

Presto atenção nos hipócritas,
são gente felizes,
pois vivem o que tem de mais na vida,
essa vida foi feita,
lapidada, a quem tem o dom,
de saber não ser bom.

Em meu rascunho de vida,
vejo o melhor de tudo,
pois quando ainda,
havia alguma esperança,
e nenhuma certeza,
ho0je tenho terríveis e abomináveis certezas,
e a esperança evapora
a cada amanhecer, e entardecer.

O meio do caminho que é bom,
a busca, a luta,
a conquista e a derrota,
depois de algum tempo tem o mesmo efeito,
o efeito vazio,
um vazio gerado pela falta de um tudo,
um fruto,
verde a madurar,
pois depois de maduro,
o que se espera se opera é a podridão.








O REI POETA


Olho imagens, semblantes em tudo,
no desfruto de um dom,
uma rosa, jóia um tributo,
quero apenas minha poesia,
agora no escuro, escudo
a luz de vela de uma fantasia.

Sem pensar no amanhã,
juntando coisas que nunca esparramei,
versos vão a clarear,
fazendo cegos de emoções enxergar,
neste milagre que achei,
um dia , uma poesia,
um chatô e um champanhe,
pra comemorar.

Aos olhos alheios,
caprichos desfechos bloqueios,
faíscam melindres devaneiam,
guetos, âmbitos estranhos,
purgando aletorios recôncavos,
e pintando um céu,
num mar de pedras,
uma vida de poeta.

É um rei um poeta,
quando tem na mão papel e caneta,
feito quando um arco e flecha,
na mão firme de um arqueiro,
imprevisível o estrago sorrateiro.

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